Começos: Lenda x Ciência
Nos começos da humanidade, o homem passeava com todos os animais a sua volta enquanto dava nomes às espécies quando, de repente, uma fenda começou a se abrir na terra dividindo-a e antes que a fenda se tornasse larga demais o homem saltou para o outro lado e neste momento o único dos animais ali reunidos que saltou para o seu lado foi o cão.
Esta é uma lenda muito conhecida no meio cinófilo e que traduz de forma bonita e romanceada a proximidade e afinidade entre dois seres tão distintos ao longo dos milhares de anos de existência da humanidade.
Já os vestígios fossilizados de ossadas e excrementos de cães próximos aos sítios das escavações arqueológicas daquilo que outrora se constituíam comunidades humanas nos oferecem uma explicação científica e, portanto, algo mais perto daquilo que pode se constituir o motivo da proximidade entre o homem e o cão ao longo da história da humanidade e da “canicidade”. Ocorria que o homem necessitava sair à caça diariamente para manter a prole, obrigando-se a deixar esta sozinha e suscetível ao ataque de feras, tribos ou clãs rivais e perigos os mais variados. Com o passar do tempo o homem se deu conta que um grupo de animais muito específico o seguia em suas incursões quando a mudança de território se fazia necessária (caça, alterações climáticas, guerras e contendas com outros grupos, acidentes naturais, etc.).
Comida em Troca de Segurança
Não demorou muito para ficar claro e evidente para o homem o motivo pelo qual aqueles animais o seguiam, uma vez que as sobras diárias do alimento que eram desprezados por este, se constituíam em uma providência sempre bem vinda para os cães, que nem sempre tinham a mesa posta. Em troca, os cães instintivamente ofereciam sinais claros e evidentes quando algo na rotina da comunidade estava para ser alterada. Dado os seus sentidos muitíssimo mais apurados que os do homem, a proximidade de qualquer outro animal ou indivíduos eram imediatamente denunciados pelos cães que se mantinham nas proximidades, garantindo um eficiente sistema de alarme e possibilitando ao homem ações rápidas para defesa e proteção da comunidade. Muito rapidamente esta parceria se consolidou e o cão que antes vivia a margem dos acampamentos, logo fora introduzido para o interior das cavernas, choças, barracas e habitações humanas. Não demorou muito para que onde estivesse um ser humano, haveria ali também um cão.
Em nosso próximo artigo conheceremos um pouco sobre a psique, cognição e cosmovisão caninas.
Divirta-se com o seu cão!